quinta-feira, 31 de março de 2022

Avaliação de Março 22 (alta forte e dolarização)

                    

Avaliação Final de Março


Muitas mudanças. Ótimo março mesmo perdendo do índice! Não posso reclamar e explico os motivos. Mais do que os sete mil de aporte e trinta e tantos mil de rendimentos no mês, comemoro a janela do dólar a R$ 4,74. Sei que pode cair bem mais? Sei. Porém, comprei.


Vamos diretamente à esperada "revolução" que fiz. Prometi mês passado que talvez começasse minhas mudanças. Pois bem, fui fundo no plano. Quem acompanha há algum tempo isto aqui, sabe que eu anseio há quase ano por uma janela de oportunidade para dolarizar/internacionalizar tudo que pretendo de vez, ou seja, quase metade do patrimônio. 


Foi uma aposta meio maluca até. Eu podia ter dolarizado quando batemos R$ 4,92 em maio de 2021 e arrisquei não fazer isso, achando que podia descer mais. Depois, a moeda nunca mais tinha voltado a isso. Pelo contrário, bateu até R$ 5,75 há uns três meses e eu assisti a isso com "dor", quase que desistindo de esperar um R$ 4,xx que nunca viria e me lamentando por não ter aproveitado logo a janela de maio. 


Enfim, por sorte eu não desisti e finalmente fiz minha primeira operação de câmbio hoje. 500k para a Interactive Brokers, mirando os fundos irlandeses de acumulação amanhã. Nova era. Vendi os Tesouro Selic.


Sei o que muita gente vai pensar: É arriscado e não faz sentido, pois a Selic finalmente está chegando em 12%, as commodities e termos de troca estão bons para o Brasil e tudo isso em conjunto continuará fazendo com que o investidor gringo venha com sede despejar seus dólares aqui, seja pelo "carry trade" ou pelo baixo nível em dólar da nossa bolsa comparada ao que já foi em 2008 ou 2011. O dólar teria que se valorizar uns 12% no ano para que seja melhor que deixar meu dinheiro em "reais" rendendo CDI. Dirão que o mais provável é que continue a forte valorização do real até por este ainda se encontrar subvalorizado pela teoria da paridade do poder de compra ou mesmo pelo "índice Big Mac" que segue lógica parecida.


Bem, são fatos reais e que eu ponderei na decisão. E, de fato, boa parte de mim queria continuar com quase tudo em reais e não apenas uns 600 e poucos mil como tenho agora. Uns 56% do patrimônio ou algo assim. Grande parte de mim considera um erro dolarizar 40 e poucos % de tudo neste momento (ainda vou remeter uns 50 mil reais nos próximos dias). O momento é bom para o Brasil e tenho medo de perder a "surfada" dessa onda das commodities e diferencial de juros. 


Por que dolarizei? 


1º) Por enquanto, será, no máximo, metade da carteira. Ou seja, a outra metade ainda está apostando em "Brasil", que é apenas 1 ou 2% de todo o mercado mundial e mais de 50% do meu patrimônio; 


2º) Foi o que combinei comigo mesmo desde início de 2021 e sempre que o combinado de algo "chega", a gente tende a continuar no que parece que vai funcionar melhor e desfazer o "trato". Há razões para crer que internacionalizar no mínimo metade é uma boa aposta para o futuro; 


3º) No fundo, ninguém realmente sabe do futuro e das surpresas deste. Não se sabe o que ocorrerá na política brasileira daqui pra frente; não se sabe de algum cisne negro na economia mundial; não se sabe quando o Brasil vai começar a sentir o peso da Selic alta no seu fiscal, gerando deterioração e incerteza. Enfim, realmente acho que os próximos meses podem ser bons para o real e que eu poderia esperar mais um pouquinho. Uma queda a R$ 4 e pouco talvez. Porém, prefiro mudar no momento otimista mesmo, ainda que mais doloroso por parecer ser contrassenso. 


4º) Brasil já teve momentos de "valorização voo-de-galinha". Real vinha se apreciando entre meados de 2016 até meio de 2017, por exemplo. Real se apreciou forte durante pequena parte de 2021. Real vinha se apreciando também do fim de 2001 pro início de 2002, antes de decolar absurdamente ao final daquele mesmo ano, temendo as consequências da vitória de Lula, que na época era uma "novidade/incógnita". Não acho que vá acontecer algo do tipo agora, ao menos não na mesma intensidade. Porém, vejo razoável probabilidade de o dólar voltar a se valorizar bastante até o fim do ano frente ao real, talvez mais do que a Selic me daria. Assim sendo, resolvi ficar "metade-metade" quase.


5ª) A janela parece boa para comprar alguns ativos internacionais que estão bem depreciados ultimamente como ETF's de emergentes ou mesmo alguns de renda fixa internacional que tiveram forte queda início do ano pela perspectiva de cenário de menor liquidez. Claro que sempre pode piorar, mas gosto dessas apostas para o longuíssimo prazo. De certa forma, meu desempenho satisfatório nos investimentos nacionais vem de explorar justamente esse tipo de momento. Agora quero aproveitar o "lado internacional" também. E, se pensarmos bem, não é nada ousado sair de um país só - o volátil Brasil - para vários. Isso tende a diminuir a volatilidade até. Enfim, a palavra é diversificação geográfica, algo que eu deveria ter feito já há muito tempo, apesar de gostas do meus resultados desde 2012. 


Enfim, acho que está justificada minha dolarização, que na verdade será internacionalização, pois muita coisa estará em outras moedas também. Nem sempre o dólar está forte.


Um forte argumento para manter tudo em reais é que o Brasil foi o patinho feio da década passada. Acontece muito de uma geografia que apanhou por uma década ser a melhor ou uma das melhores da próxima e vice-versa. Basta lembrar que os anos 2000 foram de EUA parecendo decadente e Brasil "bombando", por exemplo. Pois bem, não há uma lei de ferro nisso tudo, mas é uma das coisas que mais me faz querer manter ainda metade em Brasil. A outra é obviamente estar no curto e médio prazo com o poder de compra mais vinculado à nossa moeda, já que moro aqui. Uma forte apreciação do real pode ser perigosa nesse sentido. O patrimônio em dólar pode não cair, mas eu moro aqui né?


Enfim, estou feliz pela queda de 15% do dólar no trimestre. Foi a janela de oportunidade que tanto esperei. Portanto, comprei. Mesmo com todos os receios apresentados. Ademais, vários ativos internacionais que eu estava de olho caíram ou "desesticaram" também, para além da valorização do Real. Enfim, aconteceu tudo que eu queria. Não tenho como ficar quieto nem triste. Vou aproveitar e cumprir o "combinado". Eu queria desde quando estava tudo "não-propício" e "doeu" esperar.


Com tudo isso, os resultados do mês ficaram até em segundo plano. Março foi como eu já sabia que podia ser. Bolsa foi embora e como eu estava só com uma parte pequena nela não vou reclamar de ter "rendido" só parte da alta que poderia ter acontecido. Os FII, como sempre, foram o freio de mão do mês. Tive, inclusive, que me livrar de mais da metade deles nessa revolução da dolarização. Não queria, mas esperei até onde pude.


Na verdade, a alta do mês da carteira de renda variável foi até muito boa.  E fiz mais algumas vendas em muito boa hora. Até as criptos foram bem este mês. Porém, como quase 50% da minha carteira hoje em dia é renda fixa, algo inédito, o crescimento patrimonial foi pouco mais da metade do que poderia ter sido.


Peguei a alta do Ibov nas últimas semanas apostando no ETF "Bova11" mesmo. No meio dessa bagunça que foi o mês e toda a burocracia e estudo para dolarizar sem muitos prejuízos - spread cambial baixo e etc. -, acabei abdicando do "stock picking" ainda mais. Até por ser algo incerto mesmo em tempos normais e de mais prazo. Abdiquei até do "etf picking" este mês.


A parte em renda fixa, a maior da carteira, se saiu conforme esperado. Meu fundo no BTG baseado em IMAB5 teve ótimo desempenho no mês com o cenário otimista. Enfim, foram até melhor do que eu previa. Ajudaram o patrimônio a crescer, mas comeram poeira do Ibov.


Vê-se que minha dor foi apenas a do Ibov indo embora sem mim, digamos. Para quem passou boa parte da vida de investidor all-in na bolsa, gera certa lamentação. Porém, não estar all-in em Ibov foi o que fez meu patrimônio em 2021 ficar quase que preservado. Mais uma vez, não posso reclamar de barriga cheia. Até porque eu já sabia que uma hora isso ia acontecer. 


Paguei uns 3k em Imposto de Renda com a venda dos títulos do Tesouro e mais uns 3k de IOF e spread no envio para o exterior. Assim, a rentabilidade do mês, que, ao contrário de quase todo mundo, sempre calculo já líquida de impostos, vai sair meio prejudicada. Faz parte. Esses custos não terei mais. Só se/quando repatriar algum dia.


Um dos grandes motivos da internacionalização é aproveitar bem a isenção de até 35k para fazer meus rebalanceamentos por lá. Espero que isso não "caia" na reforma tributária.


O aporte gordo, sete mil reais, voltou, mas acabou incluído na bolada da dolarização. Foi na remessa. Assim como boa parte da carteira nacional de renda variável. 105k que estavam em FII.


No mais, é isso. Que o Ibov e o Real continuem bem! Mesmo se me deixarem para trás. Continuo apostando neles. Porém, no caso de cenário ruim, estarei mais protegido. 


A maior parte da dolarização vai para ETF's de renda fixa. Outra parte grande vai para ETF's de emergentes ou europeus. Abrirei o cardápio dos "irlandeses" amanhã se o dinheiro chegar em tempo na IB.


Para o próximo mês, terei mais novidade e mudanças. Algumas ousadas. Porém, o perfil geral continua cada vez mais conservador a meu ver. 50% estará em renda fixa internacional, fundo de inflação curta do BTG e no KISU11. A ideia é crescer aos poucos e me proteger.



Números do mês:


"Ibov" subiu 6.06%


Tenho hoje: 507.718 (carteira ações-FII) + R$ 0,00 (caixa de dividendos e vendas ainda não reinvestidos) = R$ 507.718. Alta de 5.81% em relação ao mês anterior. A Rico começou a "aparecer" uns proventos para os próximos meses, mas, por enquanto, não estou querendo contabilizar esses créditos. 4 mil reais a receber. Ou seja, quase 1% da carteira de renda variável. Em compensação, tenho mais de 4 mil reais de impostos a pagar quando for realizar o lucro da valorização do Bova11.


Num mês de alta de 6,06%... Regular desempenho relativo da carteira de RV. 



Resto do patrimônio:


Tenho hoje R$ 22.700 na "carteira digital". Tornou-se 2% da carteira. Compras de julho de 2017 a janeiro de 2018.


Não vou contar o rendimento do dinheiro guardado em renda fixa, pois meu objetivo é avaliar meu crescimento em renda variável. Tenho cerca de R$  627.470,00 (496.470 da remessa do dólar + 121.000 + 3.450 + 6.200 + 100 + 400) em renda fixa. Este mês gastei, porém, uns 4 mil do valor que estava em renda fixa mês atrás. Foi uma retirada.


Meu patrimônio total hoje é cerca de R$ 1.157.888. Total aportado em tudo? Uns 642 mil (poupança, renda fixa, moeda, ações).



Valorização histórica e comparações:


Segundo a planilha, a valorização histórica da cota de ações e FII é de 176%, o que é muito bom para mais de nove anos e meio de investimento. Rendimento líquido igual ou até maior ao da minha meta de 4% real ao ano (eu vinha calculando errado). E bem acima dela apenas se eu considerar as operações com criptoativos. Realizei R$ 125.000 de lucros investindo apenas R$ 28.000 e ainda sobrou a carteira atual, que é quase igual a esse valor inicial. Isso não está entrando na minha valorização da cota.


Farei abaixo umas comparações injustas comigo, pois minha rentabilidade já está descontada de impostos, ao contrário das abaixo. Quase não tenho mais lucros a realizar e sempre desconto da rentabilidade as perdas com impostos já. 


CDI desde minha estreia na bolsa valorizou uns 118%. 


IMAB rendeu 170%.


IHFA (uma coletânea de bons fundos) rendeu 155% também... 


...Um Alaska BDR da vida deu 212%. (este aqui eu teria que descontar os impostos e/ou incluir minhas operações com criptos para "vencer")


IPCA acumulado deu 80% até então. 


IGP-M do período? 135%.


Ibov teve valorização acumulada de quase 112,8% até então.


Poupança rendeu uns 69%.


Dólar renderia uns 134%.


Small cap? 93% no período. 


Idiv? 116%. 


IBRX? 151%.


Se eu quisesse me comparar com esses índices de forma exata, teria que levar em conta as distorções das diferenças de aportes no tempo. De qualquer forma, possivelmente estou ok. 


A bolsa "fechou" o mês de março aos 119.999 pontos. 





Obs: falta minha renda fixa aí em cima.






A.